OS
INCRÍVEIS 2
DIREÇÃO:
Brad Bird
ELENCO:
Holly Hunter, Samuel L. Jackson e Craig T. Nelson
A família Incrível vive hoje
de maneira pacata, com destaque ao Beto, que diferente do que era visto no
primeiro filme, assume as responsabilidades do lar, principalmente a criação
dos filhos. Vendo a classe de super-heróis sofrendo menosprezo, Helena passa a lutar
por mais destaque a eles, mas como nada acontece de maneira fácil, um novo
vilão surge, com perigosos planos que ameaçam toda a humanidade. Só que é
evidente que eles não vão fugir dessa batalha.
Ninguém pode negar que a Pixar
é sim a toda poderosa do cinema de animação, mas vale ressaltar que esse louro
não fora conquistado de cara. Mesmo com 2 filmes da linha Toy Story ainda
lançados no século XX, há de admitir que havia ali um formato que
impressionava, mas não era pequeno o número de pessoas que ainda defendia o
modelo tradicional de animações. Monstros S.A. e Procurando Nemo abriram
caminhos para o reinado do estúdio, mas foi justamente no momento em que a Pixar viu que poderia investir em novas formas de promoção, que o mundo de fato se rendeu
a ela.
Uma prova do que foi explanado
no parágrafo anterior é que, no ano de 2004, antes do lançamento de Os
Incríveis, já eram vendidos brinquedos, outros artigos infantis e até brindes
com os personagens na rede de lanchonetes McDonalds, o que fazia com que muitos
se perguntassem quem eram aqueles. Tratava-se de algum filme já existente e que
ninguém tinha conhecimento? Não, tratava-se de um filme a ser lançado e que já
gerava idolatria nas crianças, antes mesmo delas de fato terem acesso a obra.
Nesse momento, ninguém negava mais o poderio do estúdio.
Mas se há uma coisa que
assusta para este ano de 2018 com o lançamento de Os Incríveis 2 é o reconhecimento de que o ponto fraco da Pixar sempre foi continuações, onde
apenas a linha Toy Story se salva, e com louvor, diga-se de passagem. Mas o que
falar de obras como Universidade Monstros, Procurando Dory e as sequências de
Carros? É um tipo de mancha quase impossível de ser removida. Por isso, houve o
questionamento se havia mesmo a necessidade de um novo Os Incríveis, 14 anos
após o primeiro. Nessas circunstâncias, ter os dois pés atrás é algo
inevitável. Só que para a felicidade geral do planeta, o primor que essa
família tem a oferecer foi mantido, e o filme vale muito a pena.
Brad Bird assina novamente a
direção desta película, que somada a anterior e também a obra-prima Ratatouille,
mostra que realmente são as animações o seu ponto forte - vale ressaltar o
irregular live action Tomorrowland – Um Lugar onde nada é Impossível, que ele
lançou há 3 anos. Em Os Incríveis 2 não tem como passar incólume um positivo
progresso na postura da Helena, que tem na sua heroica hiperatividade o grande
cartão de boas-vindas para esta obra, que roteirizada pelo próprio diretor, faz
dela um impulso para que não haja perda de tempo na eliminação de antagonistas
que tanto ameaçam uma sociedade. E neste ponto, vale enaltecer a brilhante
trama construída em cima do Hipnotizador.
Sem desprender-se da
necessidade de impor novidades, Brad Bird insere uma espécie de confraria de heróis
para aquela região, onde nada chama mais a atenção do que a grande excentricidade nos mesmos,
que não deixa de ser uma tipicidade do diretor para tal obra. Ao mesmo tempo,
destaca-se a justiça social presente no filme, como o enaltecer do feminismo, o
escancarar das verdadeiras obrigações de um pai, que ainda por cima, mesmo que
com um certo atraso, reconhece a nova idade e acaba por se despir de uma
postura controladora e até mesmo ciumenta.
Ainda sendo comandado pela
força de Helena, que em certa cena nos lembra muito o Homem-Aranha, Os
Incríveis 2, ao som da ótima trilha de Michael Giacchino, mostra um grande
avanço em suas sequências de luta, onde impressiona a bela fotografia de
Mahyar Abousaeedi e Erik Smitt (fato atípico para filmes de animação), fazendo
o filme não se censurar a impor certos dramas em sua estrutura, deixando bem
claro que pegar o vilão não pode ter nada de fácil, e não é porque o filme é
infantil, que ele deve estar fazendo valer certas prerrogativas. E enquanto o
antagonismo está mais maldoso do que se possa imaginar, os heróis trazem consigo
uma maior agilidade no uso de seus poderes, dando para si o real status de
heróis e concedendo altíssimo nível a cada duelo.
Ao passo que naturalmente
também é um filme cômico, Os Incríveis 2 faz do bebê Zezé o grande show a parte
da obra, em meio a total falta de juízo do mesmo ao usar e abusar de seus poderes,
capaz de levar o espectador às gargalhadas, diante da eficácia ou não de suas
presepadas, que, por sinal, ganham a companhia da icônica estilista Edna Moda, provando
que Brad Bird sabe extrair o que há de melhor em suas crias, e como se não
fosse suficiente, também consegue surpreender.
Mantendo consigo toda a
dignidade e o poderio da linha, Os Incríveis 2 talvez seja o diferencial que
faz de Brad Bird o melhor diretor de filmes de animação, num ambiente que conta
com nomes como Hayao Miyazaki, Andrew Stanton, Peter Docter e Lee Unkrich. E acima
de tudo, renova a confiança da Pixar, que em meio a escolhas equivocadas, sabe
que agora as continuações podem sim fazer parte das grandes virtudes do
estúdio.
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