UMA
QUASE DUPLA
DIREÇÃO:
Marcus Baldini
ELENCO:
Tatá Werneck, Cauã Reymond e Louise Cardoso
Joinlândia
é uma pacata cidade do interior do Brasil, que se surpreende com uma onda de
assassinatos misteriosos que deixam o local em alerta. Assim, dois policiais
são designados para investigar os homicídios e encontrar o assassino. Acontece
que a dupla em si não consegue se encontrar enquanto profissionais, e a
apuração dos fatos e a busca por suspeitos dão lugar a um verdadeiro show de
trapalhadas.
Adentrei
a bilheteria do cinema para comprar o meu ingresso para ver Uma Quase Dupla, e
o carismático bilheteiro logo apontou que minha escolha pelo filme foi
acertada, visto que ele o tinha conferido no dia anterior e gargalhou durante
toda a sessão. Confesso ter levado fé em suas palavras, apesar de toda a minha
ojeriza com a Globo Filmes, mas não custa lembrar que Tatá Werneck é hoje, sem
nenhum exagero, o mais bem sucedido nome do humor nacional. Bem feito pra mim,
por não ter aprendido com o que as comédias globais apresentaram em outrora. O
filme é simplesmente horroroso.
Ditando
tudo o que a sinopse prega, o prólogo faz apresentações isoladas dos
protagonistas (vividos por Tatá e Cauã Reymond), com facetas nada comuns para
policiais, onde o objetivo deste filme dirigido por Marcus Baldini (o mesmo do
superestimado Bruna Surfistinha) é fazer imperar a dúvida se a dupla dará certo
junta. Falha deles, pois quanto a isso não há dúvidas, e sim uma enorme
certeza. O roteiro de Uma Quase Dupla, titularizado por Leandro Muniz e Ana
Reber (esta última bem sucedida em séries da tv por assinatura) é, em sua essência,
dominado por exageros, com o negativo destaque inicial a uma péssima piada com
Zezé Di Camargo & Luciano. Fora isso, ainda há o foco a metrossexualidade e
o fanatismo do personagem de Cauã por Maria Gadu, com direito a toque no
celular – o que faria com que ous maiores críticos a ideologia de gênero surtassem ao verem este filme.
De
fato, há uma esperança de que Uma Quase Dupla crie um grande suspense, pois é
detentor de um estilo que, quando bem utilizado, consegue ser no mínimo uma boa
obra de entretenimento. Reconhece-se a criação de pistas interessantes sobre
quem é o serial killer em meio as presepadas do casal principal, mas mesmo
assim há falhas na estrutura do filme, no tocante em que desnecessariamente
todos os suspeitos têm que ter “cara de mau”, aliando isso a uma esquisita aleatória
escolha de vítimas, que em nada interferiam na obra. Os atos com depoimentos
constrangedores forçam demais a barra no intuito de fazer o público rir, mas
não alcança o mínimo feedback possível. Diferente do bilheteiro, nem eu, nem as
dezenas de pessoas que viram o filme comigo, conseguiram se divertir.
Analisando
o elenco, novamente Tatá Werneck mostra o quão complicado está sendo ela se
encontrar com o cinema. Vale lembrar sua trágica atuação em Loucas pra Casar.
Sem o amparo de um bom roteiro, ela vê o seu talento ser mal aproveitado, em uma
situação que não permite que ela possa interferir com o seu show de improviso,
como faz na tv e no teatro. Sobre Cauã Reymond, confesso que achava que ele
seria só uma escada para a comicidade de sua parceira de cena, mas há de se
admitir que seu personagem é tão importante quanto, mas em momento algum
podemos vê-lo à vontade, e, para piorar, é bem perceptível seu fraco
desempenho, mostrando falta de desenvoltura dele com o humor, provando que sua
escalação para o papel foi um equívoco. Falo isso com tristeza, porque faz-se
justo elucidar que enquanto muitos preferem associa-lo a imagem de galã, deixam
de valorizar o excelente ator que é, mas que aqui não funcionou.
Capaz
de fazer com que muitos abusem a linda canção "Shimbalaiê", Uma Quase Dupla se encerra
com o desmascarar do assassino, num ambiente em que indícios bobos levaram ao
seu encontro. Para piorar a situação, enquanto muitos possam achar que o roteiro
valorizou a malandragem, para mim ele (descaradamente) fez uma verdadeira apologia a
ilegalidade, desrespeito às leis e a presunção de inocência. Tanto que (atenção
aos spoilers) um inocente fora preso acusado pelos homicídios, e a obra é concluída
sem que tal personagem tivesse o seu final, com merecidas liberdade e pedido de
perdão. Mas não, ele foi inclusive esquecido pelo filme, que por sinal, alcança
um nível grotesco de mediocridade, a ponto de colocar na mente das pessoas, que
qualquer um poderia fazer algo melhor.
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