Ads 468x60px

.

domingo, 29 de julho de 2018

UMA QUASE DUPLA



UMA QUASE DUPLA
DIREÇÃO: Marcus Baldini
ELENCO: Tatá Werneck, Cauã Reymond e Louise Cardoso


Joinlândia é uma pacata cidade do interior do Brasil, que se surpreende com uma onda de assassinatos misteriosos que deixam o local em alerta. Assim, dois policiais são designados para investigar os homicídios e encontrar o assassino. Acontece que a dupla em si não consegue se encontrar enquanto profissionais, e a apuração dos fatos e a busca por suspeitos dão lugar a um verdadeiro show de trapalhadas.


Adentrei a bilheteria do cinema para comprar o meu ingresso para ver Uma Quase Dupla, e o carismático bilheteiro logo apontou que minha escolha pelo filme foi acertada, visto que ele o tinha conferido no dia anterior e gargalhou durante toda a sessão. Confesso ter levado fé em suas palavras, apesar de toda a minha ojeriza com a Globo Filmes, mas não custa lembrar que Tatá Werneck é hoje, sem nenhum exagero, o mais bem sucedido nome do humor nacional. Bem feito pra mim, por não ter aprendido com o que as comédias globais apresentaram em outrora. O filme é simplesmente horroroso.

Ditando tudo o que a sinopse prega, o prólogo faz apresentações isoladas dos protagonistas (vividos por Tatá e Cauã Reymond), com facetas nada comuns para policiais, onde o objetivo deste filme dirigido por Marcus Baldini (o mesmo do superestimado Bruna Surfistinha) é fazer imperar a dúvida se a dupla dará certo junta. Falha deles, pois quanto a isso não há dúvidas, e sim uma enorme certeza. O roteiro de Uma Quase Dupla, titularizado por Leandro Muniz e Ana Reber (esta última bem sucedida em séries da tv por assinatura) é, em sua essência, dominado por exageros, com o negativo destaque inicial a uma péssima piada com Zezé Di Camargo & Luciano. Fora isso, ainda há o foco a metrossexualidade e o fanatismo do personagem de Cauã por Maria Gadu, com direito a toque no celular – o que faria com que ous maiores críticos a ideologia de gênero surtassem ao verem este filme.

De fato, há uma esperança de que Uma Quase Dupla crie um grande suspense, pois é detentor de um estilo que, quando bem utilizado, consegue ser no mínimo uma boa obra de entretenimento. Reconhece-se a criação de pistas interessantes sobre quem é o serial killer em meio as presepadas do casal principal, mas mesmo assim há falhas na estrutura do filme, no tocante em que desnecessariamente todos os suspeitos têm que ter “cara de mau”, aliando isso a uma esquisita aleatória escolha de vítimas, que em nada interferiam na obra. Os atos com depoimentos constrangedores forçam demais a barra no intuito de fazer o público rir, mas não alcança o mínimo feedback possível. Diferente do bilheteiro, nem eu, nem as dezenas de pessoas que viram o filme comigo, conseguiram se divertir.

Analisando o elenco, novamente Tatá Werneck mostra o quão complicado está sendo ela se encontrar com o cinema. Vale lembrar sua trágica atuação em Loucas pra Casar. Sem o amparo de um bom roteiro, ela vê o seu talento ser mal aproveitado, em uma situação que não permite que ela possa interferir com o seu show de improviso, como faz na tv e no teatro. Sobre Cauã Reymond, confesso que achava que ele seria só uma escada para a comicidade de sua parceira de cena, mas há de se admitir que seu personagem é tão importante quanto, mas em momento algum podemos vê-lo à vontade, e, para piorar, é bem perceptível seu fraco desempenho, mostrando falta de desenvoltura dele com o humor, provando que sua escalação para o papel foi um equívoco. Falo isso com tristeza, porque faz-se justo elucidar que enquanto muitos preferem associa-lo a imagem de galã, deixam de valorizar o excelente ator que é, mas que aqui não funcionou.

Capaz de fazer com que muitos abusem a linda canção "Shimbalaiê", Uma Quase Dupla se encerra com o desmascarar do assassino, num ambiente em que indícios bobos levaram ao seu encontro. Para piorar a situação, enquanto muitos possam achar que o roteiro valorizou a malandragem, para mim ele (descaradamente) fez uma verdadeira apologia a ilegalidade, desrespeito às leis e a presunção de inocência. Tanto que (atenção aos spoilers) um inocente fora preso acusado pelos homicídios, e a obra é concluída sem que tal personagem tivesse o seu final, com merecidas liberdade e pedido de perdão. Mas não, ele foi inclusive esquecido pelo filme, que por sinal, alcança um nível grotesco de mediocridade, a ponto de colocar na mente das pessoas, que qualquer um poderia fazer algo melhor.  


0 comentários: