O
CASAMENTO DE ALI
DIREÇÃO:
Jeffrey Walker
ELENCO:
Osamah Sami, Don Hany, Helana Sawires, Frances Duca e Majid Shokor
Ali
é um muçulmano apaixonado por música e que tenta se desvincular das tradições
familiares para viver uma vida mais pragmática. Praticamente um expert na arte
de mentir, ele agora embarca num grande drama da vida adulta, tendo que
escolher se contrai matrimônio com a mulher escolhida por sua família ou se
luta pela qual ele realmente está apaixonado.
Só
me façam um favor: não deixem de virar os seus olhos para a Ásia. Valorizem o
cinema desse continente e prestigiem cada vez mais os filmes do Oriente Médio.
Lembrem-se que nem só de artes marciais vive a sétima arte do outro lado do
mundo. Nesta década, o Irã foi o único país a ganhar o Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro por duas vezes: A Separação, em 2012; e O Apartamento, em 2017. A
Índia é o país que mais produz obras cinematográficas, e até Hollywood já está
investindo em mais filmes sobre essa cultura (não podemos esquecer do delicioso
Doentes de Amor). A verdade é que mesmo com qualidades variáveis, o cinema do
Oriente Médio (ou sobre ele) sempre nos atinge positivamente de alguma forma. O Casamento
de Ali, disponível no Netflix, pode não ser um grande filme, mas sua encantadora simplicidade tem um dom até de tranquilizar os mais agitados corpos.
Dirigido
pelo jovem cineasta Jeffrey Walker (que já comandou episódios da famosa série
Modern Family) e escrito pelo protagonista Osamah Sami, em parceria com Andrew
Knigth (que co-roteirizou Até o Último Homem), o filme é um pastelão mais que
tradicional, onde nem seu prólogo é capaz de esconder isto, com uma trapalhada
levando a outra, evocando a mais pura comicidade do lado “trash”
cinematográfico, fazendo o espectador rir mais com até ponto os personagens
chegam, do que com a própria piada em si.
Com
o seu jeito (talvez exagerado por parte da obra) “no sense” de viver, a família
tradicional muçulmana é explorada entre os dogmas religiosos e a não utópica
esperança de se modernizar. A princípio, tal fato beira uma irregularidade,
visto que, analisando a essência desse ponto, O Casamento de Ali passa a lembrar
bastante Casamento Grego e o supracitado Doentes de Amor. Em contrapartida, o
diretor Walker tem a habilidade de driblar as falhas, transformando-as em piadas,
graças aos momentos constrangedores, que em momento algum torna-se um abuso
para o filme.
Quando
a obra está focalizada na mentira central da trama, o grau de babaquice do Ali
torna-se o ponto forte mais digno de ibope por parte do espectador, que vê sua
jornada ser seguida ao som de uma boa trilha sonora de Nigel Westlake (de Babe –
O Porquinho Atrapalhado), que variava entre uma dita coerência e até a falta da
mesma, mas sem causar prejuízos ao jeitão “Sessão da Tarde” de ser do filme.
Mesmo com a sua notável previsibilidade, O Casamento de Ali é dotado sim de um
processo didático no quesito cultura, mostrando que tem sim um objetivo e acaba
por cumpri-lo. Que ninguém ache que vai assistir uma grande obra, mas podem ter
certeza que, no fundo, acabam se deixando levar pelo jeitão maroto e ao mesmo tempo inocente da película.
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