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quinta-feira, 18 de outubro de 2018

NASCE UMA ESTRELA


NASCE UMA ESTRELA
DIREÇÃO: Bradley Cooper
ELENCO: Bradley Cooper, Lady Gaga e Sam Elliott


Jackson é um cantor de bastante sucesso nos Estados Unidos, e que de uma maneira involuntária conhece Ally, se apaixonando logo pela sua voz e pela sua pessoa. Assim, ele passa a ser o maior expoente de um talento nato que logo a indústria abraça, tornando-a uma estrela ainda maior, num momento em que o pior lado de sua vida começa a mostrar a sua lamentável força.


Na questionável moda de fazer remakes, é curioso o quanto Nasce uma Estrela desperta o fascínio dos produtores cinematográficos, principalmente no tocante que as quatro versões anteriores a de 2018 não tenham sido todas vorazmente aplaudidas pela crítica e pelas premiações, mas nota-se que a obra serve para pegar uma nata estrela do momento para cultivar uma ode à ela e à arte que tanto encanta a todos. Não à toa, nos filmes de 1932, 1937, 1954 e 1976, as protagonistas foram simplesmente Constance Bennett, Janet Gaynor, Judy Garland e Barbra Streisand, que dispensam comentários. Para o ano corrente, Lady Gaga assumiu a responsabilidade de suceder essas quatro preciosidades, e tal escolha não é uma afronta ao cinema, visto que nos últimos anos, quem acompanha bem, sabe o quanto essa cantora tem contribuído com a sétima arte.

Talvez a ousadia maior foi Bradley Cooper ter trazido para si a responsabilidade de produzir, dirigir, roteirizar e co-protagonizar Nasce uma Estrela, se pararmos para pensar que há seis anos, sua carreira limitava-se a trabalhos inexpressivos ou a comédias ao estilo pastelão do mais puro constrangimento. Ciente da necessidade de um amadurecimento imediato, o mesmo começou a mirar trabalhos mais sérios, e suas recentes atuações em O Lado Bom da Vida, Trapaça e Sniper Americano, além do fato dele ter ganho a confiança do mestre da direção Clint Eastwood, foram o combustível necessário para ele num gesto “obamista” pensar “sim, eu posso”. A verdade é que os membros da indústria, em momento algum desdenharam dessa construção de um novo Nasce uma Estrela – fato que seria o contrário há dez anos, nesses moldes apresentados.

Impactando com o seu Jackson Maine, Cooper faz do personagem um homem de atitude, mesmo dotado de diversos defeitos e posturas mal vistas, impondo uma personalidade à performance que desmistificou o receio de que ele pudesse estar sendo uma cópia barata e mal feita de Jeff Bridges em Coração Louco. Mas se a estrela do filme não é ele, ela surge num momento de perda, que nem é tão dolorida assim, e encontra o seu lugar ao sol no estilo sorte grande, que já atingiu muitos artistas que estavam no lugar certo e na hora certa. Sendo assim, nada melhor do que ela provar que merece alcançar o estrelato, cumprindo um desafio, e Lady Gaga causa a primeira boa impressão interpretando logo uma canção da lendária cantora francesa Edith Piaf, num positivo show de caras e bocas, que mostrava que ela não aceitou fazer esse filme para simplesmente buscar um novo horizonte. A química e a empatia existentes em Jackson e Ally são instantâneas, e logo o espectador se vê na torcida por aquele casal interpretado por uma Gaga que transbordava doçura e por um Cooper que não via necessidade em prestigiar a suposta grosseria do personagem.

Bem roteirizado pelo diretor/ator principal, em parceria com Eric Roth e Will Fetters, Nasce uma Estrela faz da música uma arte que consegue sobressair até em momentos em que ela sai de foco, mas sua centralidade na obra reserva situações de puro deslumbre, como a interpretação da canção “Shallow”, que deixou este que vos escreve arrepiado do início ao fim, e ainda por cima desnorteado com os olhares de Gaga, firme e forte num belo romance, sem percalços clichês, e defendido pelos entes de cada parte, realizando assim um sonho de qualquer cinéfilo que esperava testemunhar um amor nesse estilo.

Sabendo que haviam outras subtramas a serem trabalhadas, Bradley Cooper avança com Nasce uma Estrela em meio a fortes momentos de dramas familiares, despidos de atos um tanto quanto manjados, para engrandecer a inevitável necessidade de cada ser, fazer de sua vida uma verdadeira jornada, onde vale seguir o exemplo que o próprio roteiro do filme prega: “se você não buscar no fundo de sua alma, você fica sem chão”.

Mesmo com problemas em seu trabalho de montagem, Nasce uma Estrela sabe compensar suas poucas falhas investindo, da metade para a frente, numa abordagem perfeita da questão dos vícios que tanto destroem artistas, e seu desfecho arranca louvores por conseguir chegar ao ápice de passar dignidade em um ato indigno.

Construindo com primor a modernidade numa história caminhando para se tornar centenária, Bradley Cooper concebe um novo Nasce uma Estrela que possui mais de duas horas de total vínculo com o espectador, progredindo cena após cena de maneira surpreendente, permitindo com que Lady Gaga mostre ao mundo uma linda faceta que muitos desconhecem, fazendo com que todos a admirem com um sorriso no rosto, tal qual foi o do próprio Cooper ao aplaudi-la na performance da cantora interpretando as canções de A Noviça Rebelde, no Oscar 2015.


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