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domingo, 11 de novembro de 2018

A ESPOSA


A ESPOSA
DIREÇÃO: Bjorn Runge
ELENCO: Glenn Close, Jonathan Pryce, Christian Slater e Max Irons


Joan é uma mulher inteligente, que tinha tudo para prosperar em qualquer que seja a carreira, mas abriu mão de suas habilidades para apenas seguir o marido, que era um escritor de renome mundial. Mas quando ele chega ao ápice de sua carreira, questões de consciência começam a pesar e ela passa a se questionar sobre se realmente vale a pena ser apenas uma esposa.


Analisando principalmente a televisão brasileira nos últimos dez anos, trabalhar o fator “família” é muito arriscado na dramaturgia, devido ao fato que muitos pregam uma fidelidade gigantesca ao significado teórico da mesma. Só que qualquer pessoa racional sabe que a prática em geral é muito diferente, e assim, faz-se justo admitir que muitos filmes não se colocam limites (e eles têm esse direito). A Esposa é bem mais cauteloso, mas também não se censura em elaborar dramas, com verdades que devem ser ditas.

Convenhamos que o cinema tem um gigantesco fascínio por casais idosos, taxando-os como a verdadeira faceta do amor. A situação melhora quando marido e mulher já na melhor idade, mostram-se dispostos a serem mais joviais que muitos adolescentes. Analisando o caso de Joe e Joan (interpretados por Jonathan Pryce e Glenn Close, respectivamente) é interessante constatar que a primeira das questões centrais do filme é uma vitória do escritor no prêmio Nobel de Literatura, fazendo dele o grande nome dos Estados Unidos em pleno 1992, quando a população americana negou a reeleição de George Bush (vulgo Bush pai) e elegeu Bill Clinton o seu nome presidente.

Felicidade tomando conta do casal, pulos exorbitantes em cima da cama mostram que até as grandes estrelas são capazes de serem desprovidas de autocontrole. Dirigido pelo cineasta sueco Bjorn Runge, A Esposa versa sobre os fortes bastidores de uma grande celebração quanto o prêmio Nobel, mostrando todo o trabalho minucioso, comparável ao da posse de um presidente, para com mais foco adentrar uma família comum. Acontece que nesta atenção especial, o escancarar de muitas imperfeições provam que sim: atrás de um grande homem, sempre há uma grande mulher.

Dando guinadas no tempo de maneira interessante e digna de reparos, A Esposa começa a transpor, com o roteiro escrito por Jane Anderson (que escreveu episódios da famosa série Mad Men), que certos romances duradouros, por mais impressionantes que sejam, podem ser construídos na base de paixões, segredos e traições. E no que a obra busca sempre focalizar Joe, ela é estruturada o suficiente para provar que Joan tem uma força suficiente, por não ficar por baixo em momentos em que seu casamento é digno de questionamentos, principalmente quanto ao caráter do escritor, seja enquanto pessoa, marido ou pai. Assim, meia película exposta já é suficiente para o filme mostrar o porquê deve ser engrandecida a figura da esposa.

Com dúvidas e verdades vindo à tona, A Esposa surpreende pelo fato de ter uma história teoricamente infantil em seu segredo maior, mas contorna tal situação construindo-se com uma forte dose dramática, suficiente para fazê-la chamativa em meio ao espetáculo de verdades secretas que parecem ilimitadas e fazem qualquer espectador se perguntar se teria força para enfrentar a situação, caso ela acontecesse em sua família.

Neste tocante, ao passo em que são justos os aplausos às atuações de Jonathan Pryce, Christian Slater e Max Irons, deve haver uma louvação à hipnotizante performance de Glenn Close no papel da protagonista, dotada de toda elegância, paciência e firmeza da Joan, mas também docemente dura quando necessário, impressionando por fazer de sua personagem um diferencial, no tocante em que A Esposa também possui outros bons papéis.

Instigante, capaz de ser concebido com protagonistas e antagonistas, sem a necessidade de mortes, violência e crimes, A Esposa mostra que muitos orgulhos tardiamente viram decepções, e tragédias podem ser a oportunidade para nos deixar à vontade para revelar certos segredos. Mas vale a pena fazer isso? Não se sabe, mas a Joan tem personalidade suficiente para tomar a mais sábia decisão.
  



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