A
ESPOSA
DIREÇÃO:
Bjorn Runge
ELENCO:
Glenn Close, Jonathan Pryce, Christian Slater e Max Irons
Joan
é uma mulher inteligente, que tinha tudo para prosperar em qualquer que seja a
carreira, mas abriu mão de suas habilidades para apenas seguir o marido, que era um
escritor de renome mundial. Mas quando ele chega ao ápice de sua carreira,
questões de consciência começam a pesar e ela passa a se questionar sobre se
realmente vale a pena ser apenas uma esposa.
Analisando
principalmente a televisão brasileira nos últimos dez anos, trabalhar o fator “família”
é muito arriscado na dramaturgia, devido ao fato que muitos pregam uma fidelidade gigantesca ao
significado teórico da mesma. Só que qualquer pessoa racional sabe que a prática em geral é muito diferente, e assim, faz-se justo admitir que muitos filmes não se
colocam limites (e eles têm esse direito). A Esposa é bem mais cauteloso, mas
também não se censura em elaborar dramas, com verdades que devem ser ditas.
Convenhamos
que o cinema tem um gigantesco fascínio por casais idosos, taxando-os como a
verdadeira faceta do amor. A situação melhora quando marido e mulher já na
melhor idade, mostram-se dispostos a serem mais joviais que muitos adolescentes.
Analisando o caso de Joe e Joan (interpretados por Jonathan Pryce e Glenn
Close, respectivamente) é interessante constatar que a primeira das questões
centrais do filme é uma vitória do escritor no prêmio Nobel de Literatura,
fazendo dele o grande nome dos Estados Unidos em pleno 1992, quando a população
americana negou a reeleição de George Bush (vulgo Bush pai) e elegeu Bill
Clinton o seu nome presidente.
Felicidade
tomando conta do casal, pulos exorbitantes em cima da cama mostram que até as
grandes estrelas são capazes de serem desprovidas de autocontrole. Dirigido
pelo cineasta sueco Bjorn Runge, A Esposa versa sobre os fortes bastidores de
uma grande celebração quanto o prêmio Nobel, mostrando todo o trabalho
minucioso, comparável ao da posse de um presidente, para com mais foco adentrar
uma família comum. Acontece que nesta atenção especial, o escancarar de muitas imperfeições provam que sim: atrás de um
grande homem, sempre há uma grande mulher.
Dando
guinadas no tempo de maneira interessante e digna de reparos, A Esposa começa a
transpor, com o roteiro escrito por Jane Anderson (que escreveu episódios da
famosa série Mad Men), que certos romances duradouros, por mais impressionantes que sejam, podem ser construídos na base de paixões, segredos e traições. E no
que a obra busca sempre focalizar Joe, ela é estruturada o suficiente para
provar que Joan tem uma força suficiente, por não ficar por baixo em momentos
em que seu casamento é digno de questionamentos, principalmente quanto ao
caráter do escritor, seja enquanto pessoa, marido ou pai. Assim, meia
película exposta já é suficiente para o filme mostrar o porquê deve ser
engrandecida a figura da esposa.
Com
dúvidas e verdades vindo à tona, A Esposa surpreende pelo fato de ter uma
história teoricamente infantil em seu segredo maior, mas contorna tal situação construindo-se
com uma forte dose dramática, suficiente para fazê-la chamativa em meio ao
espetáculo de verdades secretas que parecem ilimitadas e fazem qualquer
espectador se perguntar se teria força para enfrentar a situação, caso ela
acontecesse em sua família.
Neste
tocante, ao passo em que são justos os aplausos às atuações de Jonathan Pryce,
Christian Slater e Max Irons, deve haver uma louvação à hipnotizante
performance de Glenn Close no papel da protagonista, dotada de toda elegância, paciência
e firmeza da Joan, mas também docemente dura quando necessário, impressionando
por fazer de sua personagem um diferencial, no tocante em que A Esposa também
possui outros bons papéis.
Instigante,
capaz de ser concebido com protagonistas e antagonistas, sem a necessidade de
mortes, violência e crimes, A Esposa mostra que muitos orgulhos tardiamente
viram decepções, e tragédias podem ser a oportunidade para nos deixar à vontade
para revelar certos segredos. Mas vale a pena fazer isso? Não se sabe, mas a
Joan tem personalidade suficiente para tomar a mais sábia decisão.
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