OPERAÇÃO
FRONTEIRA
DIREÇÃO:
J. C. Chandor
ELENCO:
Ben Affleck, Oscar Isaac, Pedro Pascal, Charlie Hunnam e Garrett Hedlund
Não satisfeitos em apenas
usufruírem de suas aposentadorias e cientes da situação da criminalidade ao
redor do mundo, cinco ex-soldados das Forças Especiais dos Estados Unidos
montam um grupo que embarcará num plano arriscado: dirigir-se a fronteira do Brasil,
com a Colômbia e o Peru, e roubar um senhor do crime poderoso e perigoso. Mas,
como na vida, querer não é poder, manter-se vivo torna-se mais importante e
crucial do que colocar as mãos no dinheiro alheio.
Em 2010, Kathryn Bigelow
tornou-se a primeira (e até hoje única) mulher a ganhar o Oscar de Melhor
Direção por Guerra ao Terror – uma peculiaridade é que ela prefere filmes
sangrentos ao invés de comédias e dramas, que são mais típicos entre cineastas
mulheres. No projeto, que foi o mais importante de sua vida, esteve ao seu lado
o roteirista e produtor Mark Boal, que também venceu o Oscar naquela ocasião.
Posterior a glória, a dupla começou a colocar em prática o projeto de um filme, que
se passaria na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai. Os dois
chegaram a visitar Foz do Iguaçu (PR), mas as coisas não foram para frente,
tanto que novos longas vieram. Operação Fronteira é a culminância daquilo que
pensaram há quase 10 anos, mas mudando dois dos três países e restando a eles
somente a produção executiva, mas mantendo Boal no roteiro. Melhor seria se,
após tanto tempo, o projeto fosse engavetado de vez.
Dirigido por J. C. Chandor
(indicado ao Oscar 2012 de Melhor Roteiro, por Margin Call), Operação
Fronteira, na tipicidade de investir em um prólogo mais calmo que a adrenalina
de seu desenvolvimento, passeia por uma palestra motivacional muito da chata,
que infelizmente não é uma antítese do que está por vir. Mas uma coisa é fato:
muitos preços se pagam para ser um guerreiro. A ação típica do início do filme, mostrada ao mesmo tempo em que os nomes de Bigelow e Boal são apresentados
nos créditos iniciais, são mais condizentes com o que a dupla trabalha; mas
parece que Chandor, que, por sinal, é muito talentoso, se perdeu diante dos
atos revolucionários que poderiam estar sendo trabalhados para um filme que
tinha aqueles elementos.
Com um contexto claramente
fictício, para uma obra que busca transpor fatos reais, Operação Fronteira
chega a dar preguiça ao fingir-se de coerente, sendo que se o grande problema
das forças de segurança na América do Sul mal consegue ser resolvido por
centenas de pessoas, imagina por apenas cinco homens. E a maneira como os mesmos
se reuniram beirou a bizarrice, me lembrando bastante das obras solo da Marvel,
antes do lançamento de Os Vingadores, onde um ia convidando o outro para uma
sociedade. O pior é que este filme aqui avaliado, diante de uma comicidade constrangedora,
se leva bastante a sério. O sistema por nossas bandas é um caixinha de
surpresas que se reinventa periodicamente (vide as Farcs, na Colômbia), mas a obra, investe numa incrível coragem de seus protagonistas, sendo que o grupo era mínimo e os adversários eram
extremamente perigosos.
Com uma imaginação muita
típica dos Estados Unidos para o ambiente sul-americano, Mark Boal decepciona com
um roteiro sem ousadia e muito menos criatividade. Apostando arduamente na
visão que Hollywood tem de nós, a fuga na selva exagera no clichê, e o encontro
com a neve foi uma maneira de tentar usufruir de todos os nossos ambientes
paisagísticos, mas sem que o filme fizesse jus às nossas belezas.
Sobre as cenas de ação, há de
admitir que foram positivas, mas, para a primeira grande aposta da Netflix no
ano de 2019, principalmente num momento em que o sucesso da plataforma gera
debates se a arte deve mesmo lhe dar autenticidade, Operação Fronteira falha
feio em muitos elementos, e a divisão monetária ocorrida no final não consegue
surpreender a ninguém, provando que nem em emoção eles conseguiram triunfar.
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