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domingo, 24 de março de 2019

OPERAÇÃO FRONTEIRA


OPERAÇÃO FRONTEIRA
DIREÇÃO: J. C. Chandor
ELENCO: Ben Affleck, Oscar Isaac, Pedro Pascal, Charlie Hunnam e Garrett Hedlund


Não satisfeitos em apenas usufruírem de suas aposentadorias e cientes da situação da criminalidade ao redor do mundo, cinco ex-soldados das Forças Especiais dos Estados Unidos montam um grupo que embarcará num plano arriscado: dirigir-se a fronteira do Brasil, com a Colômbia e o Peru, e roubar um senhor do crime poderoso e perigoso. Mas, como na vida, querer não é poder, manter-se vivo torna-se mais importante e crucial do que colocar as mãos no dinheiro alheio.


Em 2010, Kathryn Bigelow tornou-se a primeira (e até hoje única) mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção por Guerra ao Terror – uma peculiaridade é que ela prefere filmes sangrentos ao invés de comédias e dramas, que são mais típicos entre cineastas mulheres. No projeto, que foi o mais importante de sua vida, esteve ao seu lado o roteirista e produtor Mark Boal, que também venceu o Oscar naquela ocasião. Posterior a glória, a dupla começou a colocar em prática o projeto de um filme, que se passaria na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai. Os dois chegaram a visitar Foz do Iguaçu (PR), mas as coisas não foram para frente, tanto que novos longas vieram. Operação Fronteira é a culminância daquilo que pensaram há quase 10 anos, mas mudando dois dos três países e restando a eles somente a produção executiva, mas mantendo Boal no roteiro. Melhor seria se, após tanto tempo, o projeto fosse engavetado de vez.

Dirigido por J. C. Chandor (indicado ao Oscar 2012 de Melhor Roteiro, por Margin Call), Operação Fronteira, na tipicidade de investir em um prólogo mais calmo que a adrenalina de seu desenvolvimento, passeia por uma palestra motivacional muito da chata, que infelizmente não é uma antítese do que está por vir. Mas uma coisa é fato: muitos preços se pagam para ser um guerreiro. A ação típica do início do filme, mostrada ao mesmo tempo em que os nomes de Bigelow e Boal são apresentados nos créditos iniciais, são mais condizentes com o que a dupla trabalha; mas parece que Chandor, que, por sinal, é muito talentoso, se perdeu diante dos atos revolucionários que poderiam estar sendo trabalhados para um filme que tinha aqueles elementos.

Com um contexto claramente fictício, para uma obra que busca transpor fatos reais, Operação Fronteira chega a dar preguiça ao fingir-se de coerente, sendo que se o grande problema das forças de segurança na América do Sul mal consegue ser resolvido por centenas de pessoas, imagina por apenas cinco homens. E a maneira como os mesmos se reuniram beirou a bizarrice, me lembrando bastante das obras solo da Marvel, antes do lançamento de Os Vingadores, onde um ia convidando o outro para uma sociedade. O pior é que este filme aqui avaliado, diante de uma comicidade constrangedora, se leva bastante a sério. O sistema por nossas bandas é um caixinha de surpresas que se reinventa periodicamente (vide as Farcs, na Colômbia), mas a obra, investe numa incrível coragem de seus protagonistas, sendo que o grupo era mínimo e os adversários eram extremamente perigosos.

Com uma imaginação muita típica dos Estados Unidos para o ambiente sul-americano, Mark Boal decepciona com um roteiro sem ousadia e muito menos criatividade. Apostando arduamente na visão que Hollywood tem de nós, a fuga na selva exagera no clichê, e o encontro com a neve foi uma maneira de tentar usufruir de todos os nossos ambientes paisagísticos, mas sem que o filme fizesse jus às nossas belezas.

Sobre as cenas de ação, há de admitir que foram positivas, mas, para a primeira grande aposta da Netflix no ano de 2019, principalmente num momento em que o sucesso da plataforma gera debates se a arte deve mesmo lhe dar autenticidade, Operação Fronteira falha feio em muitos elementos, e a divisão monetária ocorrida no final não consegue surpreender a ninguém, provando que nem em emoção eles conseguiram triunfar.   



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