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domingo, 31 de março de 2019

ESTRADA SEM LEI


ESTRADA SEM LEI
DIREÇÃO: John Lee Hancock
ELENCO: Kevin Costner, Woody Harrelson e Kathy Bates


Frank e Maney são dois policiais aposentados que veem o estado do Texas ser tomado pelos crimes cometidos pela dupla Bonnie e Clyde. Com a enorme dificuldade do governo do estado e do FBI em capturar os criminosos, eles voltam ao trabalho, para agirem na investigação dos assaltos e assassinatos, e, consequentemente, colocar os bandidos na cadeia.


Em pleno período da grave crise econômica que atingiu os Estados Unidos no início do século XX, a região central do país viveu momentos de terror por conta de um casal que liderou uma série de roubos e assassinatos, fazendo deles inimigos públicos do estado, e colocando as forças de segurança em estado de alerta. Bonnie e Clyde, dois dos maiores bandidos da história da Terra de Tio Sam, tranformaram-se em figuras lendárias, cultuadas ao passo que é mais fácil ter empatia por alguém após ela ter morrido, seja quem for. Em 1967, a história do casal virou um filme estrelado por Warren Beatty e Faye Dunaway, e 50 anos depois, em homenagem ao longa, os protagonistas entregaram o Oscar de Melhor Filme, onde a celebração pelo aniversário de meio-século foi ofuscada, porque ambos erraram o anúncio do resultado.

Roteirizado pelo pouco conhecido John Fusco, Estrada sem Lei é uma obra dirigida por John Lee Hancock (de Um Sonho Possível, que rendeu um Oscar para Sandra Bullock), que assumindo um caráter cada vez mais difundido na arte, busca mostrar o outro lado, inclusive historicamente criticado. Afinal, porque a polícia americana, tão eficaz, demorou tanto tempo a pôr fim a criminalidade liderada por Bonnie e Clyde? Em meio a uma verdadeira balada de pistoleiros, a trama é racional o suficiente ao trabalhar as diversas vertentes presentes no caso. Prender a dupla imediatamente não era só uma questão de segurança, mas também evitar que existisse uma empatia pelo bando na visão popular, pois como a própria película prega, assassinos a sangue frio são capazes de se tornarem mais queridos que muitas estrelas de cinema. Prova disso é que hoje o casal é tão amado quanto Al Capone, assemelhando-se ao Brasil na idolatria existente para Lampião e Maria Bonita, e na atual defesa ao Golpe Militar de 1964 e à ditadura.

Humanizando o anseio dos dois policiais aposentados em devolver a paz à região atormentada, as famílias e seus temores se mesclam com a coragem da dupla, e por mais doído que fosse, a necessidade de estar em campo, mesmo que arriscando a própria vida, era a solução mais necessária e imediata para tempos sombrios. Frank e Maney juntos, claramente executavam suas ações tendo como base suas próprias intuições e vastas experiências, e não ordens prévias que qualquer ser hierarquicamente inferior tem que respeitar. Assim, a jornada em busca de Bonnie e Clyde torna-se, teoricamente, mais interessante e curiosa. 

Acontece que o filme desperdiça o grande material que tem em mãos. Convenhamos que a vida de Bonnie e Clyde era muito interessante e garante qualquer tipo de bom entretenimento quando retratada pela arte. Por que não a caçada a ambos ser, no campo da ação cinematográfica, algo que faça jus ao que há de mais eletrizante no tema, e a sétima arte foi capaz de colocar em prática há 52 anos? Por que introduções tão longas e desgastantes aos fatos? Com perseguições sem graça no belo clima interiorano americano do período, e ainda ao som de uma linda trilha sonora de Thomas Newman, o mais decepcionado espectador é "brindado" com diálogos entre os policiais, que superam os limites do tédio.

Pelo menos capaz de escancarar para o meio cinéfilo que Kevin Costner e Woody Harrelson não merecem ser subestimados, com o primeiro sabendo ocultar bem os sentimentos de seu personagem em meio ao caos, e o segundo mostrando-se ousadamente à vontade em um cenário que ele conhece muito bem, visto que seu pai foi um assassino de aluguel, Estrada sem Lei, mesmo atestando Bonnie e Clyde como dois coadjuvantes, ao passo que eles pouco têm suas faces focalizadas, falha no clímax, e incapaz de dar a devida defesa a quem queria proteger o povo, inclusive o estado do Texas, governado por uma mulher (Ma Ferguson, no caso), a obra se esquece que no cinema, um vilão pode ser mais amado que o mocinho, e neste filme avaliado, não haverá surpresa se alguém afirmar ter torcido para que os bandidos não fossem encontrados.

  

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