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domingo, 8 de setembro de 2019

IT - CAPÍTULO 2


IT: CAPÍTULO 2
DIREÇÃO: Andy Muschietti
ELENCO: Bill Skarsgard, Jessica Chastain, James McAvoy, Jay Ryan e Bill Hader


A cidade de Derry é revisitada pelo mal a cada 27 anos, mas nem todo mundo mostra-se ciente disso, pois quem encara a fera, não vê outra saída a não ser sair dali. Mesmo assim, apesar das doses de temor, os amigos Bill, Beverly, Richie, Mike, Ben, Eddie e Stanley cumprem a promessa feita há quase 3 décadas e retornam para combater esse mal que eles conhecem muito bem.


Ninguém no meio literário, muito menos no cinematográfico, é imbecil o suficiente a esnobar um obra do mestre do terror Stephen King, mesmo tratando-se de um remake e de todas as queixas que rondam esse tipo de filme. Lançado em 2017, It - A Coisa se beneficiou pelo período positivo em que chegava aos cinemas, devido ao sucesso da série Strangers Things (versão televisiva do livro) e porque naquele mesmo ano, todos aplaudiram Corra - uma obra-prima do terror que fez com que muitos passassem a ter olhares bem melhores para filmes do gênero. Aliado a tudo isso, a obra ainda era, de fato, excelente. Hipnotizante dentro e fora das telonas, It – A Coisa, com poderosas doses de pânico, construiu-se imune a artificialidades, sem perder a eficácia, em meio a mocinhos carismáticos lidando com um palhaço que tem seu poderio maléfico elevado ao extremo, o que denotou que, mesmo que um final feliz possa ser regra, o ato de se preparar para um trunfo vilanesco toma conta do público, que agora se depara a um mais autêntico duelo do bem contra o mal em filmes de terror, deixando todos dispostos a mais experiências do tipo. Não é surpresa que um novo filme fosse feito e que deixasse todos na mais pura ansiedade.

Dirigido e produzido pelos irmãos argentinos Andy e Barbara Muschietti, It - Capítulo 2 é uma salada de falhas, onde nem o ato de apresentar uma solução para um erro de um segmento, consegue anular o festival de desacertos já aparente desde o seu prólogo. A verdade é que uma sequência, mesmo tendo naturalmente um filme como base, tem que estabelecer um caráter de independência em sua trama e executar os clássicos princípios de introdução, desenvolvimento e conclusão somente nela. Acontece que este filme mostra-se totalmente apegado ao seu antecessor, e o pior, exige que o espectador tenha total domínio no longa anterior, para poder captar mensagens incutidas neste. Ora, claramente vemos uma situação de segregação, onde os fãs, e não o público em geral, foram privilegiados nesta produção, e curiosamente isso nem diz grandes coisas, pois a reunião dos personagens clássicos, mas agora adultos, não destoa das bizarrices, e apesar desta obra ser pautada em seres das trevas, o excesso de sobrenaturalidade causa constrangimentosa, ao ponto de qualquer um ficar se perguntando "o que é isso?" diante de uma mutação em uma comida japonesa, que com a presença de James McAvoy, nos faz pensar se estamos realmente assistindo ao filme correto.

Com os personagens centrais totalmente desprovidos de carisma, o filme constrói um enfileiramento de tramas individuais, onde (pasmem!) todos os ditos cujos, vivem, um de cada vez, flashbacks, problemas da atualidade, dramas do passado, com direito a, de maneira fantasiosa, serem perseguidos por fantasmas de 27 anos atrás, além de outros inéditos. Sim, o festival agora é de paciência e mira o espectador, pois, por muitos minutos, It - Capítulo 2 fica cansativo, desgastante, perdido em seus supostos objetivos e com passagens em que absolutamente não contribuiu para a sua história. Talvez houvesse um anseio em querer fazer do filme uma obra tão dramática, quanto de horror, mas ninguém precisa ser um expert em cinema para apontar quão necessário estava sendo que o filme seguisse o seu rumo de forma mais rápida, principalmente porque sua longevidade piorou a falta de empatia que muitos estavam tendo com aquilo que viam.

Claramente com o afã de construir um duplo antagonismo, seja no campo físico ou no fantasioso, com direito a constrangedores zumbis motoristas, It - Capítulo 2 até consegue construir momentos em que o medo se torna impactante. Em contrapartida, a obra simplesmente joga os seus vilões para escanteio e se desenvolve como se não fosse um filme do gênero. O pobre espectador, no pior dos sentidos, não sente falta de ninguém e até se surpreende com o retorno deles à trama. Tal fato é um verdadeiro absurdo e uma injustiça, principalmente com Pennywise, que é um fantástico vilão e poderia ser considerado um Michael Myers do século XXI, com toda a sua imortalidade, que, apesar do macabro, tem um dom de encantar os fãs.

Se houver alguém crítico o suficiente na equipe de It - Capítulo 2, admitirá que o gasto feito com o elenco estrelar, que conta com nomes como os de Jessica Chastain, James McAvoy, Jay Ryan e Bill Hader, foi totalmente exagerado. Porém, acho que o cinema está devendo um reconhecimento à fantástica maneira como Bill Skarsgard conduz o seu palhaço malvado, ecoando todos os trejeitos das trevas que um vilão digno requer. Seria exagerado considera-lo para uma indicação ao Oscar? De forma alguma. Desde o primeiro filme que ele é subestimado, assim como o trabalho de maquiagem e efeitos visuais da obra. De fato, Bill só reforça o atual e grande momento que sua família vive aos olhos do mundo, no quesito atuação. Ele é filho do grande Stellan Skarsgard e irmão do não menos talentoso Alexander Skarsgard.

Nem melhor, nem pior que muita coisa já lançada, apesar de ser decepcionante, It - Capítulo 2 torna-se diferente, pois não mostra eficiência em nada e se omite na hora de propagar aquilo que o filme poderia ter de melhor. Para se ter uma ideia, mais de 2 horas de duração do longa é um exagero para o gênero terror, porém é quase impossível apontar quais os cortes poderiam ser feitos para amenizar suas falhas. Sendo assim, um resultado desastroso seria inveitável, o que é uma pena, pois nem a presença de Stephen King em uma cena foi suficiente para que soubessem dosar e estruturar com mais louvor o medo natural que Pennywise quer pôr, e seus fãs tanto esperam.


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