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sábado, 19 de dezembro de 2020

CONVENÇÃO DAS BRUXAS

 


CONVENÇÃO DAS BRUXAS
DIREÇÃO: Robert Zemeckis
ELENCO: Anne Hathaway, Octavia Spencer, Stanley Tucci e Chris Rock


Um garoto de 7 anos é criado por sua avó, e, ao acompanhá-la em um hotel, acaba se deparando com uma convenção de bruxas, onde a raça infantil está sob uma grave ameaça de extermínio, o que faz com que ele se sinta na obrigação de lutar em defesa dos seus.


Convenção das Bruxas é um filme de 1990, produzido pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, baseado no livro homônimo de Roald Dahl. O longa foi dirigido por Nicolas Roeg e teve uma recepção crítica positiva. O Rotten Tomatoes se referiu a ele da seguinte maneira: "Com um desempenho deliciosamente perverso de Angelica Huston e fantoches imaginativos pela loja de criaturas de Jim Henson, o filme sombrio e espirituoso de Nicolas Roeg capta o espírito da escrita de Roald Dahl como poucas outras adaptações". Já o lendário crítico Roger Ebert afirmou: "um filme intrigante, ambicioso e inventivo, e quase merece ser visto apenas pelo prazer óbvio de Anjelica Huston em interpretar uma vilã completamente descompromissada". E é justamente graças a esse filme, junto a Família Addams, que Huston virou uma estrela no Brasil, ao passo que passou incólume no país o Oscar vencido por ela em A Honra do Poderoso Prizzi.

Eis que 30 anos depois é anunciado um remake desse filme comicamente fantasioso. Tendo na produção e no roteiro, nomes como dos cineastas vencedores do Oscar Guillermo Del Toro e Alfonso Cuaron, o que mais chamou a atenção é que a direção do mesmo ficou a cargo de Robert Zemeckis, de Forrest Gump - O Contador de Histórias, que é assumidamente contrário a refilmagens, principalmente de obras famosas. Não satisfeito em surpreender o mundo cinéfilo quanto a isso, ele ainda chocou a todos com a rapidez com que o longa foi gravado e teve seu lançamento anunciado para o mês de outubro, mais precisamente nas plataformas de streaming, embora tenha sido exibido em algumas salas de cinema. Coisas de 2020...

As bruxas são tão reais quanto pedras no sapato. Elas estão mais perto do que imaginamos e odeiam crianças, almejando esmagar essas "pestinhas horrendas". Eis as palavras iniciais de Convenção das Bruxas, que talvez aí já venham a ser um pouco contraditórias, ao passo que a trama não prega que quem chegará a ser esmagadas sejam crianças propriamente ditas. Para um longa que assusta pessoas que não sabem aceitar o passar do tempo e que são obrigadas a se deparar com Octavia Spencer interpretando uma avó, ele consegue elaborar um ato dramático, envolvendo trágicas mortes precoces e uma prematura ação de se deparar com os percalços da vida, sem que o contexto central do filme seja esquecido ou até mesmo perdido. Pelo contrário, a situação que nada tem a ver com bruxaria, consegue ser uma eficaz base para o objetivo central de Convenção das Bruxas, ao exibir flashbacks e apostar no fatores que tradicionalmente constituem uma criação de um ser humano feita por uma avó, para justificar os fatos posteriores. 

Apesar de bem introduzida, talvez seja um pouco exagerado taxar Convenção das Bruxas com uma das grandes pedidas deste turbulento ano. Fazendo jus aos remakes desta contemporaneidade, o longa até impressiona em aspectos técnicos, como figurino, design de produção e trilha sonora (composta por Alan Silvestri, tão talentoso e pouco lembrado), além da famosa maquiagem e dos efeitos visuais, que souberam dar um grande tom à demonização que aquelas antagonistas precisavam. Mas por que de fato elas precisavam? Simples, porque estava claro que aquela convenção não se censurou em se transformar em um show de horrores, e o domínio das bruxas durante a película se tornou nato, fazendo tranquilamente com que o espectador se perguntasse se o famoso "final feliz" iria de fato acontecer.

Tem que se admitir que a discrepância entre o bem e o mal era gigantesca, e não sei até que ponto pode ser positivo para um filme do gênero, um protagonismo que chegava sim a expor contornos extremamente frágeis. A transformação de crianças em ratos, e seus parentes tratando a situação com naturalidade, é de, no mínimo, um incômodo absurdo; e os atos seguintes de Convenção das Bruxas seriam mais justificados e condizentes, caso ele fosse um filme de animação, e não um live action. Sobre as menções a Ratatouille, Um Ratinho Encrenqueiro, O Pequeno Stuart Little e Tom & Jerry, não sei até que ponto elas podem ser saudáveis, quando bruxas dão o tom da história. 

Com uma saga mais infantil impossível, do jeito que uma tradicional Sessão da Tarde adora, Convenção das Bruxas até se torna interessante por nos contemplar com a supracitada Octavia Spencer, a exagerada Anne Hathaway e Stanley Tucci fazendo coisas diferentes do que o habitual, mas, apesar de seus defeitos não serem suficientes para diminuir por demais a obra, devem fazer com que Robert Zemeckis mantenha sua visão sobre remakes. Sendo assim, agora mesmo que não teremos um novo De Volta para o Futuro.


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