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domingo, 20 de junho de 2021

INVOCAÇÃO DO MAL 3 - A ORDEM DO DEMÔNIO

 


INVOCAÇÃO DO MAL 3 - A ORDEM DO DEMÔNIO
DIREÇÃO: Michael Chaves
ELENCO: Vera Farmiga e Patrick Wilson


Os investigadores de atividades paranormais Lorraine e Ed se surpreendem com fatos que envolvem desde um mal desconhecido a homicídios dolosos. A alma de um garoto é objeto de luta por parte deles e da família, enquanto um assassino justifica uma possessão demoníaca como fato majoritário que o levou à criminalidade. Para a dupla, fica a certeza que, por mais experientes que sejam, o oculto e diabólico submundo ainda tem o poder de mostrar-se mais temível.


The Conjuring é um universo que, no Brasil, recebeu o nome de Invocação do Mal, e surgiu como uma grata surpresa no ano de 2013, ao passo que o gênero de terror estava a viver uma notória crise, onde filme medíocres, tal qual Atividade Paranormal, arrecadava milhões nas bilheterias, enquanto outras obras de certa relevância, não conseguiam destaque e provavam que, no showbusiness, não é só o artista que corre o risco de cair no ostracismo, mas a obra também. Mesclando realidade com ficção, e apostando na juventude para dar a imaginação tenebrosa por trás de sua concepção, a franquia, pertencente a New Line Cinemas, conseguiu seguir uma linha regular, chegando a apostar em tramas a parte, direcionadas aos seus antagonistas, que hoje são "bem vistos e quistos" na sétima arte, como a boneca Anabelle e a Freira. 2021, mesmo com algumas mudanças, foi o ano escolhido para apresentar mais um capítulo dessa amedrontante franquia, que sabe sim se reinventar.

Após os dois primeiros filmes, que foram dirigidos por James Wan (famoso pelo Acquaman, Velozes e Furiosos e Jogos Mortais), a aposta da vez ficou com Michael Chaves, possuidor de uma robusta experiência em filmes de terror, citando como exemplos A Maldição da Chorona e The Maiden. Este cineasta é consciente dos principais objetivos e elementos que estruturam um longa do tipo, e não se esquivando dos tons de realidade que também são fundamentais para a construção da obra. Assim, ele não mostra-se capaz de diminuir o que há de real na fé do povo, nos traumas de infantis e na necessidade de se mostrar forte, diante das adversidades da vida que todos sabem que acontecem, mas ninguém acha que um dia o atingirá. Por isso, a obra é um desafio constante de como o espectador lidaria em situações do tipo. Deus livrai-nos disso!

Invocação do Mal 3 não apela para a demagogia e não é hipócrita. Ciente de que o exorcismo de uma criança sempre será um ingrediente capaz de alavancar o sucesso de uma película (e isso é fato há uns 50 anos), o filme não o retira de pauta, mas incrementa os seus elementos clássicos, tornando-os mais surpreendentes, servindo de estímulo para que os próximos do gênero busquem fazer melhor. Até mesmo porque, mesmo na repetição de fatores, há de se fazer do clichê algo diferente, por isso, para uma característica contemporânea de que uma pessoa com uma câmera na mão é um perigo à sociedade, em vez de um meio-mundo disposto a ajudar, está na hora do cinema escancarar ainda mais os aproveitadores de plantão.

O mal é traiçoeiro e não há como medir a sua força, por isso é impossível não temê-lo. Invocação do Mal 3 o equipara aos tormentos que são comuns à juventude, como as drogas. Diante disso, é interessante como o filme, roteirizado por David Leslie Johnson-McGoldrick, mistura contextos que amedrontam e, de certa forma, até emocionam, e mostra que, na essência de cada ato, a conclusão será sempre o temor de que a malevolência que os assola, acabe por se tornar eterna. E nestes momentos, onde o obrigatório otimismo acaba por perder força para o pessimismo, a negativa inquietação que está em qualquer lugar, ganha a companhia de novos demônios, desafiando assim a parapsicologia e a ciência. 

Não é exagero o cinema ter uma certa consideração pela linha Invocação do Mal, pois não se encontram nela defeitos fortes o suficiente para desmoralizá-la. Não sejamos também bondosos ao ponto de colocá-la no mesmo patamar de filmes de terror recentes, como Corra e Um Lugar Silencioso - infinitamente superiores. Porém, algo tem que ser admitido: por questões puramente comerciais, diversos longas foram feitos, mas é fato que precauções que não foram vistas em grandes franquias, são perceptíveis nesta. Apesar de Invocação do Mal 3 ter o defeito de dar uma certa e exagerada exclusão a personagens coadjuvantes, o longa colocou o pé no freio, ciente o bastante de que a elevação do tom poderia levar a uma perda de controle, que representaria uma mancha numa trilogia que arranca aplausos.

Maior abertura nos cinemas brasileiros, desde o início da pandemia, Invocação do Mal 3 tem um objetivo e o cumpre; e tal fato é suficiente para fazer dele um filme bom, mesmo que não memorável. Além da maneira como se arquitetou, ele se mostrou capaz de andar com as próprias pernas, ao abrir mão de eficazes fatores de sucesso dos dois primeiros filmes; ao mesmo tempo em que fortalece a química de Vera Farmiga e Patrick Wilson, que continuam a provar ser o casal perfeito para seus respectivos papéis. O horror cinematográfico se reergueu e está melhor do que 15 anos atrás. Vale a pena continuar conferindo-o, mas é fato que Invocação do Mal deve sim se autocolocar um ponto final.



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